Nossa chegada foi um tanto quanto tardia e durante o trajeto para o show, vimos palhaços com pernas-de-pau na Estação Júlio Prestes. Lógico que isso chamou a atenção das crianças de imediato e evidentemente, da mãe das crianças também, hihihihihi..... Pelo avançado da hora, chegaríamos no fim do espetáculo do Palavra Cantada, então resolvemos nos voltar ao que acontecia naquela montagem. Fomos convidados a embarcar no "Trem das Onze", que aliás saiu as dez...
Ao adentrar no universo de Adoniram Barbosa, já de cara, um a festa nos aguardava antes da entrada no trem. Pelo pouco que pudemos ter contato com uma época em que a melancolia devido as dificuldades enfrentadas nas vidas das malocas, creio que Adoniram Barbosa sentiria-se orgulhoso ao ver ali, retratada com toda nobreza de sentimentos e dignidade de "suas gentes"...Minha convicção se dá ao notar a delicadeza dos detalhes de todo o estudo que girou em torno desse tema, do qual o resultado não poderia ser melhor: mesmo quando tudo parecia dar errado, as pessoas tinham uns aos outros, e "encher a cara" e torcer para o "Timão" (timinho na verdade, rsrsrssrs ***brincadeirinha genteee****) era a solução imediata que acalentava aqueles corações.
Entramos nos vagões dos trens e mesmo quem não estava entendendo nada do que estava acontecendo ali, como meus filhinhos por exemplo, era percebido que estavam gostando da folia. Os músicos e palhaços entraram conosco e em cada vagão houve cantoria, dança e alegria num caminho muito rápido que se seguiu da Estação Júlio Prestes até o Brás, seguimos ouvindo canções como "Trem das Onze" e "Samba do Arnesto"e assim, dentro dessa interatividade, meus filhos foram conhecendo essas músicas tradicionais que durante o dia a dia, não ouvimos habitualmente. Eles amaram!
Quando lá chegamos, foi o mais legal: as pessoas desceram do trem e automaticamente foram se ajeitando por ali, onde deu mesmo, só para assistir à uma peça retratando a vida de tempos antigos. A ideia inicial, foi dar vida a personagens de uma novela que se passava na rádio, sucesso indelével de um tempo que não volta mais, na qual as pessoas se reuniam todos os dias no mesmo horário para ouvir as mais variadas e "incríveis" histórias, embora desta vez, pudéssemos ver os personagens ao vivo e a cores.
Isso me fez lembrar histórias das quais ouvi durante minha infância. Minha tia que era bem mais velha que minha mãe, me contava que na rua do bairro dos espanhóis em que meus avós moravam, na cidade de Sorocaba, ela, quando criança, viveu esse período histórico quando apenas um vizinho possuía um rádio e ele o colocava na calçada e logo iam se aproximando moradores e crianças para ouvir as maravilhas que aquela pequena caixa poderia propiciar. Penso que as pessoas eram muito mais propensas a criatividade naquela época, pois apenas ouviam as histórias e "imaginavam" como seriam seus personagens, seus rostos, suas vidas....isso deveria ser muito estimulante para criatividade, srsrsrs...é mesmo uma pena que eu não me lembre mais o nome dessa pessoa da qual minha tia sempre falava, ela dizia assim "o Seu Fulano colocava o rádio para nós ouvirmos..." (...) É impressionante como com o passar do tempo, nós seres humanos em sua maioria, valorizemos coisas que antes pareciam passar desapercedidas...creio que pensemos que isso nunca vai acabar e que as pessoas que amamos de verdade nunca nos deixarão....."Muito obrigada senhor Fulano!!" {muito obrigada tia querida}...
Bem, voltando a apresentação, foi muiiito bacanaa, uma moça de quem não sei o nome, cantava as canções da época num voz tão doce e tão meiga que ficaria ali por horas, ouvindo essas canções e vendo (ou melhor, revivendo) épocas antigas de imigrantes que se amontoavam as toneladas na esperança de uma vida melhor. Como a realidade dói e é dura com a maioria de nós, é óbvio que o sofrimento, as lutas e perdas faziam parte desse cenário. Adoniram Barbosa tinha como seu personagem principal e favorito entre seu público, o "Chico" que só de pensar em trabalhar ficava com preguiça e o jeito era encher a cara quando a "patroa" se matava entre uma faxina e outra para sustentar os tantos filhos que o casal possuía.
Lindo, adoreiii.........................................................
De volta à Estação Júlio Prestes, seguimos na caminhada para o show do Toquinho, mas como tínhamos um tempo disponível ainda, resolvemos procurar os tais melhores pastéis de São Paulo, porém depois de tanto andar, descobrimos que uma dessas barracas estava dentro da Praça da Luz, na Pinacoteca (pertinho de onde estávamos) humpftsssssssssss...........
Outra de passagem: de volta da procura dos pastéis, paramos frente ao Memorial da Resistência. Novamente avistei mambembes fora do recinto, cores e sons chamaram-me atenção. Sentamos ali numa sarjeta qualquer e imediatamente fomos transferidos para as histórias do cavaleiro andante "Don Quixote de La Mancha" da modernidade, REALMENTE VALEUUU TODA VIRADAAA, eu e as crianças AMAMOSSS MUIIIITOOO........
Que ideia desse pessoal Cia São Jorge de Variedades, são muito bons mesmo e tenho certeza que só estão atuando ainda como mambembes por pura opção, que pessoal profissional e talentosos...........O Leonardo nem piscava de tanta alegria contagiante dessa turma....
Este vídeo foi o mais próximo do espetáculo que vimos...Foi muito interessante ver "Don Quixote contemporâneo" meio as diversas faces da globalização. Bem, com essa atração, acabamos perdendo o show do Toquinho, mas valeuuuu muiiito a penaa....
Bem, na verdade São Paulo deveria ter Viradas Culturais não apenas uma vez ao ano e sim, todos os fins de semana, ou a cada quinze dias porém, dentro de um outro contexto na qual doses homeopáticas cairiam muito bem, de uma vez que dentre todas as opções oferecidas, só conseguimos ver uma pequena parte devido os horários simultâneos das atrações.
Terminamos nosso dia num dos endereços mais tradicionais de São Paulo, o restaurante "Sujinho" também conhecido num passado longinquo como "BAr da Putas" já de uma vez que o estabelecimento não fecha, seu atendimento é 24 horas. Comemos uma famosa carne, da qual eu chamo de "filet de brotosauro", aquele dos Flintstones, pois a carne é tão grande, tão grande que não cabe no prato. Lembor-me da primeira vez que o Jerônimo me levou nesse lugar, demos muitas risadas regadas a caipirinhas de vodka Absolut, ao olhar aquele filet imenso, ainda mais porque ele pediu um para casa, imagina....Bom assim foi nossa virada a paulistana 2010, e nãopoderia terminar melhor.........................
Beijokas e até mais ver,
Syy